Crítica

Passagens podem ser aberturas de caminhos em meio a dificuldades. Perante bloqueios e receios, abrir espaços constitui um desafio permanente. Esta obra (42 x 29,7 cm), de M Inês Lukacs traz uma reflexão sobre as formas como cada um enfrenta os obstáculos que encontra. A existência de galhos secos e emaranhados na imagem sugere barreiras de diversas ordens. Dependendo de onde se esteja, dificultam ver o céu, que comporta a simbologia da liberdade, ou impede chegar até a água, fonte primordial da vida. De uma maneira ou de outra, estar perante algum tipo de impedimento para o que se deseja fazer gera um incômodo. Para vencê-lo, é necessário conhecer as potencialidades e limitações internas e externas. Analogamente, as passagens de cor do trabalho alertam que nada ou ninguém é um monolito. É nas nuanças que as artes de criar e de viver se manifestam.
Oscar D’Ambrosio

As duas obras de M Inês Lukacs que acompanham este post se dão no universo das dificuldades. Ambas, de 32 x 24 cm, representam uma espécie de atmosfera de impossibilidades. Tanto a primeira (“Barreiras e preconceitos…”) como a segunda (“Entre espinhos e galhos, as flores até desabrocham…”) instauram uma poética na mesma direção, a da dificuldade. Uma permite interpretar a existência da vegetação fechada como aquele empecilho que nos impede de ver o que está atrás; enquanto, a segunda exalta a presença da vida, mesmo quando ela viceja em meio às dificuldades. De certa maneira, a arte segue essa mesma l&oa cute;gica. Ela surge, resiste e subsiste em um processo que ocorre, muitas vezes com mais vigor, quando se sente ameaçada. Organiza-se então, com toda a sua energia transformadora, para conquistar ou reconquistar o seu lugar no mundo.

Oscar D’Ambrosio

As Paisagens de Maria Inês

VERDE MASSA HORIZONTAL
SUSTENTADA PELA ALTERNÂNCIA DE TRONCOS
TRANSPASSDOS DE LUZ
REFLEXOS
FLUÊNCIA DE MATA
DENSAMENTE POÉTICA

São Paulo, primavera de 2000.
Iole Di Natale